quinta-feira, 17 de novembro de 2016

psicologia














a vez do outro
cá dentro em mim
tomar posse da vida
em curso, enquanto o universo
todo converge para o nada.

o outro enfim decantado
canta o que nunca foi cantado
e habitando o inabitável eu
pronunciando o impronunciável
faz de mim agora o nada
para qual todo universo converge
e ficando desabitado de mim/outro.

o eu/que-fui se esvai às lufadas
e o outro/eu-agora passa a ser o monarca
o rei da vida que nunca almejei
mas que o meu ser passa a viver/presente/fato.

à morte um chamamento
ouço ruído de meu eu/pretérito-atento
mas cauterizadas as feridas, antes purulentas
amordaçado o eu/futuro e refrigerado
o novo senhor de meu esquife terrestre
as mandíbulas exatas no discurso de posse
sigo ao rumo das reformas ego-espirituais.


(16/11/2016 – Ijuí)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

meu amor é teu, Julieta













meu amor é teu, Julieta
bela no alto a colina a minha espera
mas o caminho é torto
e a minha visão baça
como se estivesses ainda mais longe
quando mais eu me aproximo.

Julieta de olhos vivos
paixão em teus cabelos
desfazendo os novelos
e ainda assim manipulando o meu olhar.

se não tivesses tal comportamento
enfrentaria a chuva e o vento
o mar bravio e visitaria o paraíso
por ti, Julieta, entregaria minha vida
por ti, Julieta, morreria sorrindo.


(08/11/2016 – Ijuí)

sábado, 5 de novembro de 2016

calabouço













calabouço de fantasias
eu em meu mundo imaginário
quando as mãos tremem
a boca geme e os olhos cegam
morre um e mais um e mais um
acabando que só eu não vim à morrer
e o grande mistério é de eu ter sobrevivido
quando o que mais desejava era estar do outro lado
sobrevivi em meu calabouço de fantasias.


(05/11/2016 – Ijuí)