a vez do outro
cá dentro em mim
tomar posse da vida
em curso, enquanto o universo
todo converge para o nada.
o outro enfim decantado
canta o que nunca foi cantado
e habitando o inabitável eu
pronunciando o impronunciável
faz de mim agora o nada
para qual todo universo converge
e ficando desabitado de mim/outro.
o eu/que-fui se esvai às lufadas
e o outro/eu-agora passa a ser o monarca
o rei da vida que nunca almejei
mas que o meu ser passa a viver/presente/fato.
à morte um chamamento
ouço ruído de meu eu/pretérito-atento
mas cauterizadas as feridas, antes purulentas
amordaçado o eu/futuro e refrigerado
o novo senhor de meu esquife terrestre
as mandíbulas exatas no discurso de posse
sigo ao rumo das reformas ego-espirituais.
(16/11/2016 – Ijuí)