quarta-feira, 24 de maio de 2017

existência



clamar o som
agouro de nosso tempo
a voz do vento
o gosto do encanto
e mesmo que ainda pensemos
que outrora a existência
em nosso meio
hoje somos o reflexo
em um espelho quebradiço
e completar a cor do viço
e suprimir a fome de dor
e suplantar em nós o som
serviremos ao mundo
o grande e solene mundo
a voz calada de uma geração
que tanto tenta gritar
mas o oco da voz faz da foz
um regato ressequido e vão
que tanto alimentara a alma
de incertezas e cru demonstra
que quando o Ser entra
na dança certamente fará
a bagunça eterna e libertária
de se poder dizer: eu ainda existo


(24.V.2017 – Ijuí)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

canto os esquecidos


canto os esquecidos
esses que caminham errantes
sempre à beira
os que margeiam o rio
sonhando
chegar ao outro lado
e o canto perdura
a rouquidão de minha voz descompassada
sem tom
timbre de grito e de revolta
traduzida por palavras incompreensíveis
somente quem entende a dor entenderá
e o remanso
e o som da percussão
um repicar de sinos
meia hora ou hora cheia
vazios
o gosto de um toque ao peito
a voz que persegue o mundo inteiro
é o som que se capta ao redor
de uma realidade que ninguém vê

(03.V.2017 – Ijuí)