quarta-feira, 22 de julho de 2015

Nos covis




















Cantos represados nos covis da alma
E nada para se saber em estado de vida.
Continuamos a busca, a longa busca por verdades
Essas que não possuímos, nem nunca possuiremos.
Se tivéssemos a chance de os olhos verem
O além do compreensível, este que está
Para os treinados olhos umedecidos
Não vemos, não temos mais o que comer.
Continuamos a represar os cantos nos covis da alma
E nada temos para suprimir sofrimento
Que soltemos esses cantos para a vida
E nunca mais lancemos sequer lamento.


(22/07/2015 – Ijuí)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Fuzilamento













Artilharia... FOGO!
Abrimos as mãos, os braços estendidos
Som abrupto de estampidos, não sentimos os tiros
Foram tantos, de todos os cantos da insídia
Que olvidamos a morte, ela não veio?

Sobre tua grande face
A grande face de teu ser
Não fitei traços de dor, nem medo, vi
Apenas o esquecimento, esse que nada por entre o sangue
De rubor secante à umidade dos lábios. A pólvora queimou.

Sem ter pé, o fundo do poço um possível esconderijo.

Nossos lodos enigmáticos naufragados ao sangue
Do corpo. Tudo, tentativa de boiar além
Sendo reféns de nossas próprias armadilhas.
Cravos escarlates em nossos palmas
Fomos nós, no inominável
Que cavamos o poço; agora afogamo-nos ao seu todo.
Corpos sem vida a boiar!

Anuncia-se o cessar-fogo.
Sentido, soldados!


(05/07/2015 – Ijuí)