quinta-feira, 30 de junho de 2016

Não sou artista

"O Grito", de Edvard Munch
Não sou artista
sou o misto de insegurança e de                           [tédio
que permeia os meus sentidos
sensação de aprisionamento
sou o prisioneiro de um corpo
e o cálice transborda
sou o que nunca pude ser
sempre sendo o mesmo
sangue e carne, dor e treva.

(30/06/2016 - Paraty/RJ)

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Visceral porque te amo


















Porque te amo;
Simplesmente porque te amo
Torno a ser poeta-ultrarromântico-moderno.

A visceralidade da poesia tornando-se carnadura
Quando o viço eram as flores do campo em primavera,
Quando o viço era o tempo propício ao Carpe diem,
Quando visceral é a palavra exata para os dois corpos
E não apenas tu e eu, mas o nós que passamos a ser
A visceralidade da poesia tomando forma: os nossos corpos.

Visceral porque te amo
Neste amor que inunda a vida
De mais desejo o estar vivo,
De mais desejo o estar vivo...

Exatamente porque te amo
Nunca hei de ser o verdugo nosso.
Cantarei odes monumentais ao nosso amor,
Serei poeta oficial do condado, para dizer ao reino todo
Que eu passo o ser o mais feliz dos homens da Terra.

Não porque eu simplesmente traço poemas,
Mas porque neles digo a máxima que encobre todo o sempre
De ti em mim:

Porque eu te amo. E eternamente o amor
Na visceralidade da vida tua compartilhada com a minha.

Aurora do dia, luz que nunca finda, amor que não se afere.


(26/04/2016 – Ijuí)

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Noturno










A volatilidade ébria das noites;
Os ébrios voláteis à noite;
O som dos copos noturnos;
A vida noturna dos corpos.

Serpentes ensandecidas,
Movediças crenças, corpo enternecido,
Escaldante falta do que menos nos falta,
Mas estamos ali,
Sentados à mesa de um bar
Onde esquecemos o que poderíamos ser,
Mas lembramo-nos exatamente o que somos.


(16/06/2016 – Ijuí)

domingo, 12 de junho de 2016

Julieta




















É lícito dizer que loucura não é o ato de amar,
Ouvir o silvo do coração,
Fitar a nau a naufragar.

Mas posso dizer que do amor
Provei minha doce canção lunar;
A ave noturna que sobrevoa os campos,
Meu jardim, minhas vontades, minhas doces quimeras.

E não é por mero coloquialismo que canto.

Sou filho do Tempo que passa.
Caminho à rapina de vê-la por entre brumas:
Minha deusa coroada, véu de estrelas,
A iluminação poética e visceral
De que chamo e clamo tanto, tu...
Não menos que tu, Julieta.


(Sem data)