quinta-feira, 25 de abril de 2013

dúvida frequente

deixa ficar
assim
como está
tudo muda
e o que quiser
pode mudar
mas a dúvida
de o tempo
que levará
isso mesmo
só ele, o tempo
nos dirá

(25/04/2013 – Santa Maria)

caprichos da solidão


onde o pequeno fio da minha memória
escapa. e no espaço aberto
perco o sono. um arrepio passa
não se descobre a forma vil do vento
e nem se soube por onde passou o turbulento
vento: dentro e fora da matéria tempo

soube ser o mais sereno

a calmaria da vida me angustia o peito
sem perceber as palavras proferidas
um tom acima de incompreendidas

a saudade mata aos poucos
a alma de cada solitário e
de cada pensamento maluco
que se empenhar um dia mais
no seu trabalho que a cada dia
o deixa um pouco mais louco

(25/04/2013 – Santa Maria)

domingo, 21 de abril de 2013

visita


um dia, pareceremos, nós, a imitação
daquilo tudo que nossos velhos um dia foram

somos pequenos ainda, aos olhos deles

um amor incondicional, um amor sem medidas
uma morada segura, uma fortaleza incorruptível
eu os amo, e, além disso, desejo-os muito bem
sem temor e sem dramas, a despedida aperta
e no silêncio o peito chama. A mente embaralha
sem o som das vozes calmas ou até mesmo
das mangas encharcadas com nossas lágrimas

um dia, pareceremos, nós, a imitação
do que um dia foi jovem no corpo dos nossos velhos
nada supera tal amor, e tal reconhecimento
nada supera o amor de mãe, e nem o abraço de pai

(21/04/2013 – Santa Maria)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

sonhando amar


que este futuro amor não me aprisione
nem me diga a maneira certa
e que o antigo amor não me derrube
nem me impeça de amar a verdadeira
forma com que ela me admira

que o amor só me veja assim
puro e íntegro. que ele não burle
a regras da vida. que esse amor
futuro me abrace e me diga
que ela será a única, a minha
inspiração, maneira de ver
o meu último suspiro, o oxigênio
do meu ar, o sonho que à noite
intensa e longamente irei sonhar

(19/04/2013 – Santa Maria)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

um texto fundamental


nasceu, um dia, a flor da consciência
um poema com pontos fatais
uma artimanha do destino
com as inspiradoras musas
e os grandiosos mitos ancestrais

um sopro humano, um vento mítico
a ira de um ser que há tantos anos viveu
nem sabe se realmente existiu
ou se apenas o tal de Homero contou
nem se sabe se Homero viveu
isso nenhum ser vivo comprovou

(17/04/2013 – Santa Maria)

terça-feira, 16 de abril de 2013

poeminha


a voz do tempo
plaina sobre nós
e o vento

que maldição nos pegou
e assinalou
a verdade

a voz do tempo
que plaina sobre nós
manifestando as nossas vontades
os anseios
e as verdades

a voz do tempo
– ora! –
nem sei mesmo
se ela existiu

(16/04/2013 – Santa Maria)

sábado, 13 de abril de 2013

nosso tempo


a minha matéria tempo
difere muito da do relógio
meu amigo muito diferente
não sabe mais o que sente
e perdeu seu tempo biológico

se na minha mão, o tempo
vai passando. eu vou enrugando
vou perdendo os cabelos
vou perdendo o presente
e ficando, em partes, indiferente
guardando na minha mente
as lembranças de um passado
em preto e branco, desbotado

na mente onde estava tudo ligado
agora tudo parado, lento, empoeirado
na luta pela sobrevivência
beirando o esquecimento e a demência

(13/04/2013 – Santa Maria)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

beleza


um tomo, um tombo
eu leio as vírgulas
a manga, a camisa
eu fui ao parque
nadei no rio
morri de amores
perdi-me nas dores

um novo conto
se parar eu digo
que a vida é bela
e que as flores
são mais belas
ainda. eu vou
não fico, pois
aqui não dá certo
eu quero um mundo
aberto. com tudo
que se tem direito

não me importo
em ser feio, nem
em ser bonito
pra quê beleza
se eu sou mesmo assim?

(12/04/2013 – Santa Maria)

terça-feira, 9 de abril de 2013

uma nuvem disse


uma nuvem disse pra mim
que no amor não se medem os tamanhos
não se medem os tipos
o amor é amor e nada mais
além de nós, além de o firmamento
se manter estável. fixo
Carlos me disse, um dia
que a vida é assim mesmo
sem pé, nem cabeça
que as cores das coisas dependem de quem as vê
e que a composição genética é uma coisa incrível
ele era meu melhor amigo

mas eu lembro bem
que um dia uma nuvem me disse
que as dores da vida são necessárias
e, muitas vezes, passageiras
mergulhei de cabeça, fui fundo no íntimo
do meu espírito. lutei contra a minha luxúria
e contra a minha avareza e toda a minha gula
lutei contra tudo aquilo que me travava o entendimento
sofri, sim, pois sou assim, questionador
mas nunca me esquecerei do dia em que uma nuvem
me disse que o amor é vivo. que devemos amar

(09/04/2013 – Santa Maria)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

buscas


em busca de um lugar, ó céu, de extremo azul
onde cintilam as distantes estrelas
onde adormece o meu sonho e se perde
o meu coração no infinito desse universo

em busca de uma verdade, ó sina, que me atordoa
aonde vêm todas as formas de pensamentos
mil sentidos, mil anseios, mil navios
que me completam, que me sufocam e que me buscam

estou sempre em busca, ó beleza, da maneira
mais fácil e digna de ser dita, poesia
ando por aí buscando respostas e, mesmo assim
nunca deixarei de procurá-las. mesmo se eu tiver
a resposta mais coerente e pura e verdadeira

(05/04/2013 – Santa Maria)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

em algum lugar


nas manhãs nos salões
que desmancham e desmitificam
que se calam e ficam
que sem pressa tocam os bordões

nas virtudes e nos confins
que misturam nossos sinais
que colocam os pontos finais
desmembram os serafins

nas manhãs em que eu acordo
perco os sinais vitais perco sangue
luto em meio ao inverno
sou eu quem risca o teu caderno

(01/04/2013 – Santa Maria)