segunda-feira, 25 de setembro de 2017

L.














Dói, sim, em mim,
coração descompassado
quando vai embora,
quando diz que não tem mais.

Dói coração estraçalhado
quando uivo de insânia
beira minha janela;
quando à noite em pedaços
digo teu nome. Vem
ao meu encontro e
diz que eram apenas bobagens,
que a aventura continua
e o amor não se findou.

Mas cabe a mim sofrer
a solidão humana do caos.
Cantar e compor e dedicar
meus versos ao teu nome santo
que me desfaz, que atormenta
a minha sanidade quando
toco tua tez macia e
beijo-lhe as mãos, despedida.

Dói coração humano, acorrentado
de poeta moribundo
quando anuncio que em mim
sofre corrosivo o ácido da vida,
e que em tua despedida
anuncio minha partida
para outra estação, o trem...
O trem dos anos que virão
e eu em minha pequena reclusão
espero ouvir teu nome, anunciar,
em meus ouvidos ensurdecidos
e pedir-lhe perdão.
Perdão por sentir tanto
e traduzir pouco em meus gestos
a tua faze de sentir o meu
eu no teu em simbiose
sofrendo hoje o mal que plantei.
É tarde, é tarde, é tarde...

... para dizer que para sempre te amarei.

(10/IX/2017 - Ijuí)