quinta-feira, 30 de outubro de 2014

CORAÇÃO OCO

Não é para tanto
que meu coração oco...
... frutificou.

Nem é maior espanto
nele permanecer
o amor prematuro.

Mas sabemos
que a vida é ferrenha
e a morte se achega:

estando minha casa
debaixo do céu,
debaixo das asas.

Minhas semeaduras
estão brotando
e nisso percebo

que meu coração oco
agora, ainda mais um pouco...
... frutificou.


(29/10/2014 – Santa Maria)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ESTRUTURA

Se de nenhuma paisagem
é formado nosso ser
que tenho eu de borboletas?
Mas cansa-me a mão;
já não sirvo mais pra ser
em estado físico.
Sou etéreo,
nuvem;
refiz-me da carne em poesia.


(22/10/2014 – Ijuí)

O BEIJO DE AMOR

E a beleza encantadora:
eu a tenho
empenhada no seio.

Aberto o peito,
retenho o silvo
de um sussurro encantador;
nada do que outro silvo
por ser sobre amor
o tema do filme.

E a beleza encantadora:
eu a suponho
lucidamente em meu crânio.

No que o amor estiver
serei adepto do canibalismo
metafísico da dor.
Posto que ame:
num dia se apanha,
noutro se ganha.

Mas sabe-se agora
que o amor demora,
que a profanação da boca
é cerrada com um beijo.

Não tenho receio
de dizer bobagens.
— “Se tenho medo?”
É por molecagem
de dizer anedota.
Abrimos as portas
e: “Viva o mundo!”

E a beleza encantadora
tenho na vida amadora
de ser um tanto que estranho,
reter na boca o beijo cálido,
perder a cor do estado gélido
e derreter como o gelo no fogo.

Tudo isso num beijo de amor...


(22/10/2014 – Ijuí)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O MAR

Navegar eu vou:
em toda euforia.
Navegar eu vou:
nesta poesia.

Se me tenho empenhado
neste meu “lar” tão amado
com este mar jubiloso:
lembro, e me cubro de gozo.

Navegar eu vou:
no mar, minha vida.
Navegar eu vou:
nestas redondilhas.

Navego. E embora o momento
ser de chuva e de vento:
este meu “lar” é garboso,
calmo, poético e airoso.

Navegar eu vou,
eu vou à Bahia.
Navegar eu vou:
nesta maresia.


(27/09/2014 – Ijuí)