A lembrança
de um amor encefálico
Com o misto
das bebidas alcoólicas
Faz-me
andar por alamedas escuras
Em
semelhança a um bêbado alucinado;
E mesmo que
eu ande por ruelas estreitas
Hei de
lembrar a face sonhada
Continuando
a caminhada pela cidade escura
No sonho de
um vagabundo solitário.
Estando
então a memória já fatigada,
Suando tal
êxtase de ser desejado
Mesmo que
em lembranças falhas:
Um abraço
despido, um beijo acalorado,
Serei
completamente um pária ambulante
Cantando em
meus versos orgias inexistentes
Sorvendo
promessas já nauseabundas
Regurgitando
ácido e amores delinquentes.
Porém,
mesmo que na fadiga noturna
Serei um
fóssil catedrático da poesia pútrida
Recitarei
versos de álcool e tabaco e prostitutas
Sentado à
beira da linha observando os carros
Passarem em
minha frente quase colidindo,
E mesmo que
eu passe pelo vale da morte
Sentirei novamente
amor encefálico por ela
Pelo simples
fato da lembrança falsa do que tive.
Mesmo
estando bêbado e caído na sarjeta
Rolo sobre
os dejetos do mundo moderno
Sem medo de
contrair qualquer doença;
Nunca terei
filhos, eu sei disso e aceito,
Pois de
sofrer do amor sempre fui fraco
Perdendo o
verdadeiro por debaixo dos olhos
Mas
dane-se! Findo a noite e a vida assim:
Relembrando,
saudoso, este amor encefálico.
(12/12/2015
– Ijuí)