sábado, 21 de janeiro de 2017

poética
















nem tanto alento
mas a pura dor de peito
é que faz de versos, poesia
e do ser, poeta
e se na escuridão densa da noite
surgir um fio-pensamento
sangra-se os pulsos
faz do sumo a tinta
e da dor, sabe-se
verterá das veias a vida
e mesmo que a borboleta
não pouse no ombro
nem mesmo a mariposa
não se morrerá de sina
mas se entrará para cada traço de letra
eternizar-se-á em sentimento
da existência poesia de uma vasta
e turbulenta ebulição
em que não se distinguirá
o ser poeta do poeta ser
contando com a morte de um
para o outro tomar posse
poética visceral de campo
mar bravio, sombra de figueira


(21/01/2017 – Ijuí)

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