quinta-feira, 26 de junho de 2014

NUDEZ

São marcas da vida e de amor
em minhas lascas, couraça humana,
candura temporária de tempero e hortaliças.

As marcas de dentadas, com resquícios de sangue
escarlate, ora vertia ouro líquido:
agora é apenas piche o que outrora
ardia lava incandescida em minhas veias.

E do terreno vertiginoso,
ao alto da montanha branca,
a neve derretendo por sob meus pés:
nada poderá fazê-la congelar em meu corpo
jubiloso, tenro, sumarento.

Além dos canaviais do nordeste,
às plantações de trigo, ali pelo sul:
sou todo arrepios doentios.

Pois, tendo tudo isso em mim estado,
nunca gritei angústias malfadadas.
Agora arranco meus cabelos rarefeitos
para despir meu corpo nessas verdades.

(25/06/2014 – Ijuí)

Nenhum comentário:

Postar um comentário