Abro as
janelas de minha alma
que estava
em frestas
(arestas
encarnadas que flamejam o fogo da virilidade;
janelas de
meu cubículo trancafiado
na masmorra
da mente;
ao sol
exposto meu corpo sangra
a rubra
hemorragia verbo-visceral).
Sou pura
vítima do algoz sofrimento
de meu
ultrarromantismo,
e minhas ardências
são manifestas
por uivos e
latidos contidos no nada.
Nada mais
se faz em sentido
o que
outrora sentido se fazia.
Mesmo eu
estando dentro e fora de mim
ao mesmo
instante,
perto, até
mesmo, do fim da vida.
Um
comprimido jogado ao fundo da faringe.
Cativaste-me
por todo tempo que há de ter o mundo,
E, com isso,
ululei vigílias solitárias e rarefeitas
dentro de
uma choupana desfigurada.
Meticulosamente
naveguei o mar
das
incertezas cativas em meu peito esquálido.
Subi penhascos
sem ter exímio equipamento
e nem mesmo
tive medo de repentina queda.
E nada, nada:
se não por milagre
poderia ter
me levado para mais alto
perto do
firmamento, lar do teu porvir.
Milagre teu,
sim, teu, Musa Angelical,
que, posta
ao pedestal, ali sempre permanecerá.
E sei bem
que tu, Anjo de Deus, és pura:
pura para
mim que da terra sou composto
em corpo e
em alma.
Bem sei,
eu, que mortal pecado seria pedir ao poeta
de impar sapiência
ornamental:
que se faça
terra vil o que do céu brumoso é feito
em
repentinas passeatas angelicais.
E que
celeste seja feito o que de terra profana se tem feito
ao meio-dia
na torrente insólita de sol.
Isso tudo te
peço, poeta, por ser o meu amor
o que
humano é feito e é contido nele.
Neste
último suspiro agoniado brado
neste mundo
essa blasfêmia por entre os dentes
que rangem
até o sangue jorrar das gengivas escarlates.
(28/05/2014
– Ijuí)
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