segunda-feira, 5 de maio de 2014

A VIAGEM

Meus passos vão, assim, ao relento
dando luz à escuridão do desalento,
macerando em cada pé o pasto seco,
mutilando o meu anseio

sem mais ter por onde andar.

Meus passos cantam o orvalho da noite.
Sinto, em mim, formar a geada densa
fria como a mão de um desfalecido
sem ter para onde ir:

morte do chão, em mim, sem ter por onde.

E nada do que a vitória de cantar
o meu entreabrir de asas, ruflando o vento
sentindo o balbucio do canário
solto, jubiloso: seu canto há de encantar meu corpo.

Sem temer da vida a morte: passei viajando.

(05/05/2014 – Santa Maria)

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