No murmurejo
eu me componho,
punhos cerrados,
dores nos olhos,
o velho estado
de idades ermas e solitárias.
O Tempo,
meu pai,
este que
desata o nó dos antigos infortúnios.
Meu pai?
Ah, pai!
Levaste-me para longe de mim
e aqui eu
danço, fornico a paisagem,
descamo e
desfolho as flores
de tão
promiscuo que sou por tu seres, também.
Pai, tu me fizeste
com júbilo, então
sou o
descompasso da matéria,
sou o viço
e a cor do inominável.
Eu sou o imperceptível.
Sou o
oposto de ti, pai.
Nadei a dor
como os humanos em um rio corrente,
sangrei o
mel como os humanos o sangue quente.
“E agora,
filho?”
Agora eu sorvo
as moléculas do orvalho,
vejo o
nascer e o morrer
de um sol
que nunca, jamais existiu,
e disparo
cusparadas para mostrar-lhe
que os
segundos do seu relógio vital
são meros
trechos de ti que não alteram
nem
alterarão o meu processo de crescimento:
eu sou o
filho bastardo do Tempo.
(08/10/2015
– Santa Maria)
Isto é realmente uma expressão de poeta...
ResponderExcluir"No murmurejo eu me componho,
punhos cerrados,
dores nos olhos,
o velho estado de idades ermas e solitárias".....