Quando a
olho,
Nem por
isso muitas vezes a vejo.
É o
sentir-se condensado,
Manipulado arduamente,
Para que na
pouca distância
Meus olhos
sejam capazes de ver.
E meus
olhos cegados, tentam ver pela audição
Sua voz
loquaz, singela,
Mas mesmo
assim não vejo o que dizes;
Meus olhos
cegos e surdos.
Nem sussurra,
nem grita,
Ela apenas
fala, e fala coisas de que não entendo.
O amor será
que é isto?
A pouca
razão de não poder ver, nem ouvir
Distancia
as minhas mãos do toque
E elas
sempre estão limpas,
As minhas
mãos sempre macias,
As minhas
mãos,
As minhas
mãos limpas e macias.
E, à noite,
parece que as coisas mudam,
Cada um em
uma extremidade da cidade:
Dormindo?
Talvez. Sonhando? Sabe-se lá.
Ardendo de
amor? Muito provavelmente.
Porém,
quando surge o som do telefone,
Uma ligação
inesperada; olho ao visor,
E nele está
o seu número, contudo não o quero atender,
Mas o
atendo, consumindo minha carga de remorso:
Respondo
com uma palavra, e tudo se acaba;
É a
finalização espontânea de um dia qualquer.
Outro dia nos
falaremos, noutro dia nos veremos
E, no
abraço, conterá a paz celeste,
Trocaremos
monossílabos, o pranto será inevitável,
Mas antes
disso, quando entro no local marcado:
Não a posso
ver, não a posso ouvir; porém
Eu posso
sentir sua aura imaculada pela minha alma.
Minhas mãos
limpas e macias predominam-se a todos os sentidos:
Meus olhos
cegos que não a veem, ensurdecidos
Que não a veem
dizer, mas minhas mãos limpas e macias
Tanto podem
a sentir, como com elas
Escreverei
meu último poema, e a história da vida,
(Exato, da
vida), da vida que eu adoraria ter vivido, mas não pude.
(Santa
Maria – 09/09/2015)
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