segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Os cavalos










A putrefação dos corpos
Que lado a lado
Em agonia maior sabem da terra
O acidente químico dos agrotóxicos
Além um farol lunar, meu calcário.

Depois de a terra semeada
O ajuntamento do rebanho sobre o pasto.
O céu sobre nossas cabeças é o telhado,
Um pasto bem verde para o gado na engorda,
Para beber vem o regato carregado:
Tudo em um campo com seus lugares marcados.

Do plantio à pecuária:
A planta cresce, o gado engorda.
Da colheita ao corte:
Colhe-se a planta, abate-se o gado.
Tudo em seu campo vasto.

Lá na cova, passando a coxilha,
Depositado os corpos inertes,
Já sem vida, que não mais verão o dia,
Ao lado dos corpos, tem-se outro corpo
Que arremessando com a pá a terra seca
Alivia o cheiro mórbido e roliço de carniça,
E sem artes fúnebres enterra esses dois mortos
Que na moda velha foram protagonistas
Em guerras de cavalaria e também no arado.

É do frescor à soalheira,
É do relinchar ao silêncio,
É da vida à morte.

Os corpos em putrefação
Acomodados em vala comum
Sofreram da vida a carga pesada,
Souberam o exato labor da história,
Mas agora comerão o pó da terra
E nunca mais se juntarão debaixo do homem
Ao patamar da servidão. Agora a estes dois se tem:
A morte, o silêncio e a soalheira.

(30/11/2015 – Ijuí)

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