quarta-feira, 30 de julho de 2014

DUALIDADE

Se dissesses a mim que o humano se faz ordem,
e que a casa é nossa:
eu deveria crer?

Se a manhã transpassa a claridade para minha cama
(para o meu lado da cama;
para a dita cama que supostamente é nossa)
eu deveria ver o teu corpo nu entre o lençol de seda?

O incompossível de minh’alma
na luta noturna entre os corpos
fazendo ordem direta do querer permanecer;

e a labuta corriqueira se tingindo de negra
para me abastecer a pura essência com menos cores.

Se dissesses a mim que o meu passo iguala-se ao seu
eu deveria crer?

Se no cotidiano, ao café da manhã,
derramasses em minha camisa branca
uma xícara de café:
eu não explodiria de raiva?

A luta árdua de nossos corpos
ligados por algo inexplicável, inexprimível.


(15/07/2014 – Ijuí)

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