Fazia-se
algo intacto
o meu poema
estagnado... (Duas palavras).
Se da alma
brotasse a alva flor da paz,
e o meu
cubículo se enchesse de luz serena
minha
dádiva da vida seria apenas
a bela
aurora, o clarear do dia.
Mas era meu
aquele broto de viva flor
flutuando
na imensidão retida de um poema bucólico?
Pude ver
que não era mais meu,
e sim do Mundo,
com esta
malfadada forma lírica de vida:
amanhecer e
não reter a luz;
nadar às
letras e nunca mais...
Faço desse
poema o Nunca Mais
para
decantar o outro lado
e
descobrir, no vazio do entremeio,
a face
incolor daquele Outro
que navega
no líquido da aridez deste espaço sem matéria
em que meu
corpo estará inerte,
sem fadiga
alguma, perante o Rei dos poemas mortos.
Sobressaindo-me
em duas palavras...
(04/08/2014
– Ijuí)
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