Boulevard Montmartre At Night - Camille Pissarro |
Eu amo,
sim, mas não mais,
Por ser
amor a dor que eu sinto
Dentro do
compasso de meu peito em chaga.
Por isso o
amor, eu posso amar,
Mas não
mais...
Sinto,
sinto imensamente a vida ao meu redor,
Sinto o
cheiro do café passando,
Sinto o
cheiro acre das flores murchas
Por sobre a
mesa empoeirada
Que nunca
mais suas mãos sentirão.
Eu amo,
sim, mas não mais.
Não mais a
cor será a mesma,
Das paredes
do nosso quarto;
Eu penso, e
o pensamento me é caro,
Como o valor
sentimental de um objeto antigo.
Mas o amor
me é caro,
Imprescindível
sensação da vida,
Sensação de
morte, porém o coração ainda bate,
As veias e
artérias pulsam
E mesmo em
um minúsculo corte
A superfície
recobre-se de tinta rubra
De muita
qualidade para a pena e o papel
De um
dolorido poema moribundo.
Meu coração
desolado, solitário e murcho,
Ama:
Como sempre
amou,
Como há de
amar,
Mas não
mais...
Ele sente a
chama opaca de volúpia,
O sexo
embebido de líquidos lubrificantes,
O odor do
cio.
Ele sente o
rubor da libido,
Ele simplesmente
vive.
Mas na ária
de coração solitário
Ele canta o
amor,
Pois eu
amo, sim, mas não mais...
Por isso
digo o adeus eterno, para não mais estar
Onde nunca
eu deveria ter estado.
(12/05/2015
– Ijuí)
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