Um dia
azul, mais um dia azul,
E mais um
dia de minha boca sem a tua boca:
Esse dia
azul, não menos melancólico que um dia cinza.
Dias cinza,
de solidão penetrante
Que adentram
tão profundamente
Dias em que
chego a pensar em uma morte lenta e dolorosa.
Dias cinza,
mas este azul?
Sei bem que,
em um dia azul, tu poderias estar aqui comigo,
Mas não
está, não mais.
Contentamento
dissipou-se.
Satisfação,
ah! nem sei mais o que é isso...
Nesse dia
azul, bom para passeios à praia,
Mas não, tu
não estás mais aqui comigo
E eu ainda
sinto a textura de sua língua,
O doce
afago de sua mão em minha nuca,
As borboletas
no estômago, o frio na espinha,
O calmo som
do mar ao redor.
Eu tinha
sossego, escrevia muito,
Mas agora,
não.
São raros
poemas, pouca sorte e muita saudade.
São devaneios
longínquos em minha mente doentia:
Uma taça de
vinho, um jantar a luz de velas,
Um pacote
de pipoca para uma sessão de cinema.
O que eu
fiz à sorte? Ela só me traz solidão.
E o meu
amor não era menor,
O meu amor
era o meu amor
E tudo o
que eu fiz foi por amor.
Deixei de
amar, deixei de sentir;
Hoje apenas
existo pelo tenro fio de raciocínios:
Não sou
nada.
Quem dera o
dia fosse cinza, frio, com muito vento:
Eu beberia
vinho, acenderia velas para o jantar,
Depois assistiria
a um filme preto-e-branco,
Pois hoje
eu não te celebro,
Hoje eu não
me recordo de nada.
Agora sou
eu:
Eu, num dia
azul, celebrando a mim mesmo.
(15/08/2015
– Ijuí)
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