Dentro de mim mesmo eu danço a
noite toda comigo mesmo.
Eu existo neste mundo partindo e
voltando, rodopiando, dentro de mim,
E também fora, como se a louca
noite não tivesse fim... e tu, aí fora,
Observando a dança macabra,
alucinada e dividida em partes iguais,
Pois eu sempre havia sido bom em
cálculo, mas agora sou imprestável
Apenas sirvo realmente pra
poesia... e que poesia... se é que eu posso servir
Para artes poéticas. Nunca escrevi
uma linha em prosa, minhas narrativas
Eu as sempre vivi, observei muito
ao meu redor e não tenho mais nada.
Cansado de dançar comigo mesmo, eu
olho ao redor e tu vens até mim,
Pensa que eu não estou bem dos
parafusos e o grito é tamanho,
Mas eu não ligo, eu gosto de conversar
comigo mesmo,
Consigo debater política, debater literatura
e artes plásticas,
Consigo debater arquitetura,
consigo debater... enfim...
E tu me olhas com olhos atentos,
captando todos os movimentos
De minha face, e com os ouvidos
captura as notas musicais da minha oratória.
Eu gosto de falar, ainda mais
comigo mesmo, eu gosto de gravar a minha fala
E depois ouvi-la, rebobinar, ouvir
novamente e ir treinando a dicção.
Sentado, agora, ao teu lado, com o
doce som do vento que passa em redor,
Mas eu tenho medo de ti... será que
morde e não solta... eu tenho medo,
Tenho muito medo desta vida
alucinada, aí, pelos porões do inconsciente,
E todos me deixam na obrigação de
vasculhar todo o entulho, porém eu ainda
Não joguei nada fora... há um mundo
dentro de nós mesmos, e ainda é bom,
Continua sendo melhor habitável do
que o lado de fora de nós mesmos.
A alma não tem cor, não tem cheiro
e não tem sabor, e eu adoro cantar,
Cantar a minha própria canção que
fiz para mim mesmo, a lira é fluente.
Ali dentro, dentro de mim mesmo, eu
falo meu próprio idioma,
Eu o criei e solidifiquei, sendo
seu único falante... que tenho de louco?
Acho que de louco eu tenho tudo...
comprei uma maleta... quer ver?
Tudo bem... pode ser contagioso!
Enfim te indago, minha querida,
Há algo melhor do que dançar ao som
de uma canção que se faz a si mesmo?
(07/08/2015 – Ijuí)
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