sábado, 8 de agosto de 2015

Aqui dentro (ao som de uma canção feita por mim)













Dentro de mim mesmo eu danço a noite toda comigo mesmo.
Eu existo neste mundo partindo e voltando, rodopiando, dentro de mim,
E também fora, como se a louca noite não tivesse fim... e tu, aí fora,
Observando a dança macabra, alucinada e dividida em partes iguais,
Pois eu sempre havia sido bom em cálculo, mas agora sou imprestável
Apenas sirvo realmente pra poesia... e que poesia... se é que eu posso servir
Para artes poéticas. Nunca escrevi uma linha em prosa, minhas narrativas
Eu as sempre vivi, observei muito ao meu redor e não tenho mais nada.

Cansado de dançar comigo mesmo, eu olho ao redor e tu vens até mim,
Pensa que eu não estou bem dos parafusos e o grito é tamanho,
Mas eu não ligo, eu gosto de conversar comigo mesmo,
Consigo debater política, debater literatura e artes plásticas,
Consigo debater arquitetura, consigo debater... enfim...
E tu me olhas com olhos atentos, captando todos os movimentos
De minha face, e com os ouvidos captura as notas musicais da minha oratória.
Eu gosto de falar, ainda mais comigo mesmo, eu gosto de gravar a minha fala
E depois ouvi-la, rebobinar, ouvir novamente e ir treinando a dicção.

Sentado, agora, ao teu lado, com o doce som do vento que passa em redor,
Mas eu tenho medo de ti... será que morde e não solta... eu tenho medo,
Tenho muito medo desta vida alucinada, aí, pelos porões do inconsciente,
E todos me deixam na obrigação de vasculhar todo o entulho, porém eu ainda
Não joguei nada fora... há um mundo dentro de nós mesmos, e ainda é bom,
Continua sendo melhor habitável do que o lado de fora de nós mesmos.

A alma não tem cor, não tem cheiro e não tem sabor, e eu adoro cantar,
Cantar a minha própria canção que fiz para mim mesmo, a lira é fluente.
Ali dentro, dentro de mim mesmo, eu falo meu próprio idioma,
Eu o criei e solidifiquei, sendo seu único falante... que tenho de louco?
Acho que de louco eu tenho tudo... comprei uma maleta... quer ver?
Tudo bem... pode ser contagioso! Enfim te indago, minha querida,

Há algo melhor do que dançar ao som de uma canção que se faz a si mesmo?


(07/08/2015 – Ijuí)

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