filamentos esverdeados
riscos de pasto escorrendo
ao canto da boca
caminhando sem cessar
pensando um paraíso
quando nosso destino
se limita ao matadouro
e como o gado de corte
ao abatedouro da vida
se aglutina em morte metafísica
a vida putrefata de um verme
àquele que usurpou os direitos
obrigando-nos a ouvir e ver purulentas mentiras
ardiloso se faz o inimigo pestilento
e como o gado de corte será abatido
o pulsante pulso, a vida, fissuras arteriais
o corte faz jorrar o líquido grená
julgamento da jugular quando se fala em revolta
não deixar de lutar
não, nunca
assim pela liberdade serão lembrados
e reconhecidos não por paspalhos olhos
umedecidos de choro, a lamentação
mas por terem lutado contra as cercas
despido cabrestos e rompido os grilhões
o solo será fertilizado com sangue mártir
e assim, pela liberdade, mesmo que tardia
em longas noites frias de lutas e sangrias
o gado que pastava manso comandará a sua sina
não mais temor de um frigorífico
não mais fruir o assassínio
nutrirão quimeras de cosmopolitismo
nunca mais o “gado” será feito em sacrifício
[13.II.2017 – Balneário Pinhal/RS]
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