abutres sobre o corpo
oco, eco, vermes e sal
sede, sede, sede
de teus lábios quentes
de teu corpo despido sobre
pétalas ornamentadas de tinta
e sumarento caldo corpóreo
sou o reflexo da solidão e desamor
saber musas: uma só
quando o nome também
se faz de um apenas
efervescendo o sangue
no instante da memória metafísica
maldito amor que renasce
esse que a maldita semente
nunca se esquece a germinar
e no instante do fato se consumar
era sonho, sonho bom, maldição
abutres sobre o corpo
ranger de dentes agudos
o mar é tão distante, e eu nem sei mais
pois da dor pungente, e lancinante
teu nome surge em minha mente
não sei, não sei de grito, ou choro
a autodestruição do corpo
dentro de uma claustrofobia orgânica
estando aprisionado em um recipiente
quando gostaria de estar, em ti
ao menos um sopro e sangue nas gengivas
maldição dos tempos de ontem e do amanhã
abutres famintos, perseguindo o odor
de sangue novo, dilacerando a carne até os ossos
sou resquício de um vício que nunca existiu realmente
morte ao amor, morte ao amor
se ele existe, morte ao amor
se eu desisto, morte ao amor
se eu ainda te amar, morte ao amor
(28.II.2017 – Ijuí)
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