Calculando a falta que me faz de
sanidade
A falta que mais faz de lucidez;
caleidoscópios
Agudos; eletroencefalogramas; fios;
campos do cérebro:
E o meu cérebro em lentidão
desatenta.
Faz-se martírio o pensamento. Faz-se
podridão o lamento.
E de nada nos serve os cálculos matemáticos
Para serem lidos, conferidos,
apenas compilados
Em notas suaves de uma leve
partitura de violino.
Mas o feto natimorto de meus neurônios
tão discretos
Está submerso num líquido sujo de
sangue e terra úmida.
Se minha mente prejudicada,
acostumada às fantasias
Comovida com os pares de vozes que
me destroem
O sono, as tardes, o dia todo; que
cavam minha sepultura
Aquática, nesse rio corrente ao
lado de minha cabaninha
Faço-me, agora, um desprovido de
cabeça-que-pensa
E adentro meu lar eterno, o
entremeio desse longo rio
Nu, em meio ao turbilhão de
sentimentos avulsos
E desconexos. Farei de meu corpo
alimento e lar para os peixes.
Que nesse meio de rio, entre suas
margens, se faça a morada
De meu futuro tão lapidado de
soluços, construções
Indistintas. (Levantarei a minha
arte a arte. Deixarei
Meus quadros, esculturas e, também,
minha densa poesia.)
Pois que de eterno se têm os homens
que lapidam
E verificam seus dias mornos e sem
sal
Para serem livres de amarras,
grilhões de metal
Naufragando no rio laborioso do
eterno.
Fechado para o pensamento desconexo
e dificultoso
Far-me-ei de gás, líquido... Deixo
de mim, o corpo sólido
Para ulular alturas, sulcar pedras
do inconsciente
Nadar o rio e suas plantas
submersas e verdes.
Que de mente despudorada e doentia
Tenho eu, oleiro das palavras
belas, para cantar:
O sangue podre de um feto natimorto
e deformado
Comendo a carne de meu próprio corpo
e regurgitar
Os favos de mel que cultivarei até
o tempo de se fazer recuperado.
(14/11/2013 – Ijuí)
Poeta!
ResponderExcluirTodos nós passamos por momentos de conflitos e confusão, de encontros e desencontros, de nos sentirmos perdidos e de sermos encontrados por alguém ou de nos encontrarmos em nós mesmos....
Palavras que e trazem lembranças da construção do que superei e do que hoje sou.
Senti cada verso escrito .
Parabéns!
Admirador