terça-feira, 31 de março de 2015

Atitudes de um poeta maldito


     












     A Estêvão DeLarge, meu amigo

Andei por entre ruas de enorme escuridão,
Topei com anjos negros, de garras e dentes afiados,
Perfilados em minha frente
Tapando a passagem.

Negligenciei meus próprios estímulos e instintos,
Sofri as calamidades da solidão e da angústia.

Disse, a mim mesmo, que o dia é nostálgico,
Que a noite, sempre enorme, é a minha casa.
Em qualquer lugar uma moça pare um menino:
Ou o jogará no contêiner de lixo,
Ou o venderá no mercado negro
Para um possível ritual de bruxaria.

Mas eu mesmo estive na imensidão de um cemitério.
Busquei, às sepulturas, todos os tipos de epitáfios:
Cantei, gritei e senti a dor de estar no silêncio eterno.

Quebrei a voz, medi meus dentes e rasguei a carne...


(31/03/2015 – Santa Maria)

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