II
Se porta
aberta é o que tu tinhas, Ruana
O que eu
tenho agora, se não desfalecimentos?
Cantei
realmente o que perdurava — enganei-me —
Hoje o que
tenho é solidão e desalento.
A queda aproximava-se,
Ruana, e fora vigorosa
Mas o que
fizemos? Recusamos amor e permanência.
Contudo
amávamo-nos de forma tão genuína
Que hoje,
agora, as flores descolorem-se, murcham
Realmente,
por não terem mais a seiva-mãe
Que tanto,
no amor carnal, exalávamos satisfeitos.
Passo a ser
escravo do tempo — que sina —
Sequestrara-me
de minha casa-guardiã
E pusera-me
em cativeiro inóspito, meu tormento.
Agora
poetizar é a minha grande fuga
Porém a
canoa naufraga na travessia do rio.
Assim
escrevia, trabalhando aos séculos forjando lâminas
E a fonte
esgotara-se lentamente —
Desmotivos
de um amor que houvera sido.
O ribeiro,
por detrás de minha cela, torna-se rubro.
Vês, Ruana,
na mais recôndita reentrância
O coração verte
sangue ainda, e tu deves crer
Que o
emanar amor-sangue ainda é nossa vitalidade
Por isso me
aceites, eu, Jano, com todos defeitos
O maior de
todos é o amar. Não sejas leviana
Que o amor
ainda flama com a cantiga do desejo
Com a
cantiga que nos levará a usufruir do gozoso êxtase.
(04/06/2015
– Ijuí)
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