sexta-feira, 5 de junho de 2015

Lamentos melancólicos da possibilidade (3)














III
Ruana canta, saudosa, os momentos
Que haviam sido nossos.
E ainda assim encanta com seu cantar longínquo
Meu coração, agora solitário e mudo.

Suspenso sobre as águas salobras e sanguinolentas
Eu retenho a filosofia do Lobo da Estepe
Já com minhas cinquenta primaveras
Solidifico meus anos para saber um pouco mais do Eu
Na louca noite de vinho e tempestade.

Suplico-te, Ruana, que não recuses o coro dos anjos

Que ouças, mais atenta, a minha voz chamando
Dizendo
Que o corpo já não é regado em sangue
Mas sim de sensações orgânicas-espirituais
A necessitarem de sua seiva para sobreporem-se
Ao estado de estar adormecido para sempre.

Ruana suspensa sobre o pensamento
Decide
Mas já é tarde, meu corpo sucumbe.
E tu sabes, Ruana, que a vida galgou
E nossas retinas não viram
O subir de minh'alma ao firmamento.

Ruana, tu choras, mas já é tempo. Vem!...

(05/06/2015 – Ijuí)

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