terça-feira, 2 de junho de 2015

Lamentos melancólicos da possibilidade (1)















I
A minha casa, bela redoma de vidro
Guarda meu corpo
De invasões de sentimentos inimigos.
Longínqua foz, o olho d’água que me regava
Para ser ramagem de folhas verdes-vivas.

E tu que me amavas, Ruana, hoje já não sentes mais
Mas eu, Jano, aqui, cantando alturas, enquanto
Na realidade estou em uma campina.
E no cantar alturas elevo este amor antigo
À condensação de estar mesmo vivo
Cantando amor, sem estar a ponto de um grito.

E tu me amavas, Ruana, porta aberta
É o que tu tinhas. Hoje, aqui só solidão
E campo vasto de ervas daninhas.
Minha casa era guardiã do meu corpo
Hoje é apenas o restante de um caco
Meu reduto de poesia e coisas vãs
O que preenche meu estado de não-vazios.


(02/06/2015 – Santa Maria)

Um comentário:

  1. To maravilhada.. Cadente, conciso, poético! Parabéns, meu querido! ;)

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