domingo, 13 de outubro de 2013

MODERNO DESESPERO

Caminhante de vereda estreita
Movediça e astuta é a minha sina.

Maldita cavalgada sob meu fígado.
O rubro sangue, depois coagulado
Jorro de pus; excreções vis de meus
Rins; acaso de células cancerosas
E a morte espreitando a minha cama
Como quem vigia o lago, no escuro.

Caminhante eu sou da vereda estreita
Mas, no desvio, perco-me no bosque
Em que, cada lobo e serpente, prendem-me
E apreendem minha liberdade de homem
Para ser liberto o meu instinto de animal.

Cada gota de sangue derramada:
É uma lágrima a ser chorada. Cada sumo
A ser sorvido: é o fel da vida a ser bebido.

E depois da surra levada pelas pedras
Ao leito do rio a serem ouvidas
Deito nessa cama de ferro, um leito
Mórbido de hospital psiquiátrico
Por querer lutar com os gigantes
E ser derrotado pelos moinhos de vento.


(13/10/2013 – Ijuí)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Estar vagando e divagando pelas linhas e entre linhas da tua poesia é como descobrir novos horizontes a cada palavra em cada verso....Como Cervantes...
    Parabéns!
    Admirador

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