quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

FRATURA EXPOSTA


Se Paula te recusas Pedro
Interfere-te em ti mesmo.
Quando o “Nunca” for tormento
O “Quando” será o encantamento.
Abra-te o corpo, figura igual
O avesso das coisas é tão belo
Singular maneio do Tempo
Legião de espinhos em nossa volta
Nunca contentes com o que temos
E muito mais impuros e imperfeitos.

Se Paula te recusas Pedro
Repense o que fazes...
Se tua forma de ser te deforma
Se tua cama amaldiçoa o amanhã
Acorde. Reconstrua a tua imagem.
Pense que o hoje já passou e
Por futuro está o nosso contentamento.
Se por vontade somos impuros
Imperfeitos, sempre fomos e seremos.
Na grandeza dessa cama, Pedro
A extremidade dessa moldura na parede
Deita-te e reconstrua-te. Mesmo antes
Que o Tempo seja tanto. Mesmo antes
Que o agora seja o ontem. Mesmo...
Mesmo que a paixão não arda
Mesmo que a mão não empunhe
A alva espada. Mesmo que o subir
De uma escada seja simplesmente
Uma fratura exposta rasgando a pele.

(10/01/2012 – Ijuí)

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