quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

NOITE DE ESTRÉIA


Manifesto o meu desejo com olhares
Olhares quentes que devoram
Que dilaceram a carne, que cometem delitos
Que somem quando ela percebe
Mas que voltam a brilhar quando ela sorri.
Quando ela me dá a mão. Quando
Nos damos as mãos. Quando eu percebo
Que o seu coração está dividido.
Um som incompreendido que grita
Nos meus tímpanos, e me deixa surdo.
Manifesto o meu desejo com o toque
Com o toque do braço, que nos enlaça
Que nos prende onde mais queremos ser
Presos: uma cama. Manifesto o meu desejo
Com o abrir das portas, quando no fim
Da madruga visto as calças, ponho a camisa
E vou-me embora para casa com um pesar
Imenso no peito, pois dela é o meu coração.
Manifesto o meu desejo com solilóquios
Com risos sem compromisso, esses risos
Que não sei de onde surgem, mas que
Em uma noite nada disso faz tanto sentido.
Sentido. Sentindo. Partindo. Corrompendo...
Manifesto o meu desejo quando deito
Na cama e espero o tempo que for necessário
Para a alta produção em que se empenha
E provamos o sabor do orvalho e das cerejas
Nessa noite de estréia das muitas que virão.

(03/01/2013 – Ijuí)

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