sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

solidão corpórea

O Semeador - Vincent van Gogh
















a mão
fechada;
o punho.

e tudo se fazendo
labor sudoríparo.
semeado foi o trigo:
razão do campo.
eu maduro;
a morte andando.

os olhos: abertos.
o corpo: movimentando-se.
a boca: seca.
os dentes: podres.

e nada era para mim.

os grandes dedos
calejados,
duros,
contidos na semeadura das pedras.
o rio corrente;
o sangue quente.

queria poder dizer
que
a vida passa no fio
irrestrito da faca.
sua lamina fina,
densa de toda minha hemorragia,
batizada no fogo e no gelo,
tenho-a
para,
no final,
corrigir o meu erro.


(16/01/2015 – Ijuí)

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