sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

solidão

Pintura de Iberê Camargo


















era o último dia do
ano,
e eu lembro:
estava sozinho.

eu e
minha máquina de escrever.

era tamanha a melancolia
que nem
o porre que
eu
tomaria
mudaria minha situação:
a solidão.

terminei de
retocar
um conto,
o último conto do
ano,
as últimas palavras
do ano
de um velho
bêbado.

o ponto
final.

olhei pela janela
e
vi movimento de automóveis
solitários
trafegando nessa avenida; vi
os
canteiros de flores.

poderia chover nesta noite.

dei o ponto final no conto,
rabisquei
um poema,
penteei o cabelo
e
saí para beber.

quem sabe alguma puta
estaria por lá
e acalentaria minha noite
na virada do ano.

um ano de merda por outro
ano
de merda.


(31/12/2014 – Ijuí)

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