sábado, 16 de fevereiro de 2013

OCASO


Vejo.
Maltrato os fatos que não me agradam.
Vejo.
Sinto
O chacoalhar do barco que me dá náuseas.
O velho que vomita
E cheira
E come
E vomita
E lambe
E se esconde.

Será?
Será, meu Deus, que eu não entendo e nem consiga entender?

As coisas são como são
Mas a minha visão prejudicada
A minha visão falha
Os meus ouvidos calam minha consciência.
E o ocaso não muda de lugar
O Sol beija, de leve, as nuvens do horizonte
Que me pedem auxílio
Pela vontade contra a finitude
Nunca querendo acabar
Pelo fato de todos o acharem lindo.


Pelo Sol, não existiria lua.
Não...
Não mesmo...
Pelo Sol, a luz não acabaria.

E
O homem
Sempre terminou
E sempre terminara
Nadando na terra.
Preparando-se para que os vermes
Famintos por sangue podre
Roam os corpos
De todos aqueles seres que sonharam um dia tocar o sol
Mas que, realmente, foram e beijaram a lua.

(16/02/2013 – Ijuí)

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