terça-feira, 2 de julho de 2013

A COLHEITA

O som nefasto destas correntes que gemem
E suplicam abrigo em meus pulsos
Sangrentos. De ouvir o orvalho nas folhas
Figura tranquilizadora, enquanto os vermes
Rastejam em minha direção, imaginando
Que a morte já havia me possuído.

Sei que na noite fria, escura e remota
Das minhas pousadas tão singelas
Pude ver que a foice estreita ali estava
Junto de sua mestra tão negra e seca.

E que ainda o pecado mortal que me possuíra
Tomara para si a minha vida. Embaça os vidros.
Ofusca a luz.Traduz as minhas raízes.
Destrói o brasão de minha família.
Só não sei para onde me levará, ó morte certa

Que de supetão retoma o baile
Nada na minha forma líquida de ectoplasma.
E que o viscoso sangue negro
Que dos meus pulsos escorria, analisei
E percebi o mal que eu plantei. Isso resume
O trago de tragédia que bebi
E a pestilenta sina que agora colho.


(30/06/2013 – Ijuí)

Um comentário:

  1. Poeta
    A obscuridade do pensar é a forma frágil de expressar palavras de forma escrita , e a escrita é um ato de coragem , de revelação e heroísmo.
    Vencer as próprias barreiras do eu e transformar-se a cada composição revelando o seu "eu" do imaginário e assim produzir e se reproduzir de forma poetica.
    Sinto a cada poema um revelar de desejo e cada vez admiro -te principalmente nesta tua capacidade em múltiplas revelações.
    Sucesso
    Parabéns
    Admirador

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