Se
dizer, fosse preciso, ao poeta morto
As
palavras salobras de lágrimas derramadas
Mares
negros, assim como reflexo de temporais.
Se dizer,
fosse preciso, ao poeta morto
Redizer,
ramificar o verbo, flexões abdominais
Lacunas
do dorso, nós nas vértebras rompidas
Uma
vida, dita assim, pútrida, que não poderia ser
Mas que
na sina, os monstros ébrios do limbo
Obrigam
à força sobre-humana mesquinhamente de ser.
E se
o canto do poeta morto maldizer o estudo
E o
colosso chamado Tempo – amigo íntimo da Morte –
Que
por movimentos rotatórios, um pêndulo de relógio
Desmitifica
uma imagem de metal precioso.
Desconheço
as formas brutas de se dizer Amigo
Pois
do bálsamo negro, com odor de sangue podre, coagulado
Jogarás
por sobre as cristas das ondas da poesia.
Não
se desgoste da vida, tu mesmo, que amanhã
Ao fim
da tarde o punhal estreito, fincado em ardências
Na minha
carne, lamentará a morte do poeta.
Pude
ver, então, o quão dissimulada é a vida
Se
de aparências e maquiagem mórbida o poeta se fez morto.
(04/07/2013
– Ijuí)
Poeta!
ResponderExcluirQue lindo perceber que a cada produção você tem tido, cada vez mais, intimidade com as palavras .
Acredito que a cada poema, verso ou estrofe o poeta morre para renascer em algo novo.
Parabéns!
Admirador