quinta-feira, 18 de julho de 2013

VIDA POÉTICA DE UM LOUCO

Foi o que me disseram... Que em matéria de poesia
Minha vida era gasta e nula, e a labuta pelo pão era somente
Juntando calos nas mãos... E os cabelos brancos sumidos
São marcas da experiência? Loção para a queda em sua excelência.

Sim, foi o que me disseram, mas eu, escravo das palavras
Enxoto o corvo vil, de minha janela. Bendigo o amor, sim
Eu quero vida, vida para ser vivida, vida para ser regada
Vida cheia de formas, ondas, vida madura ou adolescente
A vida numa paródia às peças antigas, vida sendo apreendida
E por momentos futuros, em minha forma, sendo libertada.

Eu quero mesmo a vida, a vida que seja da gente.

Vida vendo o céu nublado. Vida vendo o céu caindo.
Vida ouvindo o cheiro de terra molhada chegando mais perto.
Vida dos moleques da rua. Vida dos viventes do cais do porto.
Vida, meu Deus, vida: firme frouxa larga estreita alta baixa...

Mas foi o que me disseram, e eu nego essa excrescência.
Nego a forma vil com que têm me oprimido a poesia.
Afirmo aos céus a luta pelo pão, não necessariamente
Adquirido com calos nas mãos. A luta pela sobrevivência na sela de pedra
A luta pela sobrevivência nos lobos cerebrais, a luta dos neurônios
Pela ideia mais fantástica, pela ideia mais complexa em matéria de poesia.


(18/07/2013 – Santa Maria)

Um comentário:

  1. Poeta!
    O lirismo impregnado em teus poemas me fazem descobrir um lado que a vida comtemporânea vem perdendo.
    Poetas como você, que resgatam o bonito, romântico ,vivido na emoção de sentir e de amar .É o que realmente nos fazem l o u c o s ...
    Loucos quando apaixonados por algo, por alguem, por um lugar, momento ou ao próprio sentimento.
    Me vejo LOUCO!
    Parabéns
    Admirador

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