domingo, 28 de julho de 2013

MONSTRO SANGUINÁRIO

Eis que surge ante os umbrais de minha porta
Um ente vindo de um lugar do inferno, algo sobrenatural.
Formas vis de rato alado, preto, que está contente nas carnificinas
De todos os tempos, de todas as eras. E esse ser sanguinário
Há de beber todo meu sumo celular, e todo meu líquido vital.

Eis aqui um morcego, vindo das profundezas da lava dos tempos
E de todos os homens, no íntimo do momento, no terror
De cada gesto fecundo de impaciência e ignorância. Medo.
Um medo sobrecarregado de sentidos contidos no ímpio.
E se todos os gestos que esse ser fazia, batendo suas asas
Entoando seus dizeres de animal, eu os tentava entender.
Mesmo que pelo terror da hora, eu, logo a sua vida tentei.
E na primeira decida de minha clava, esse morcego não se foi
Pois, com o fracasso da primeira, tentei pela segunda vez a sua vida
E, na segunda descida da clava forte, a vida desse ser se esvaiu.

Mas nunca na vida esquecerei-me da aventura noturna, em que bebia do vinho
E que me surgira ante os umbrais da porta um ente vindo de outras eras.

Eis que foi o meu primeiro contato com a morte e suas carnificinas.


(28/07/2013 – Santa Maria) 

Um comentário:

  1. Poeta!
    Dentro de nós também existem alguns monstros e... depende da forma ou do lugar que estamos vendo , eles, se agigantam ou diminuem....
    Gostei muito....
    Algo diferente....
    Muito bom...
    Parabéns
    Admirador

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