1.
Gorjeio
feito um pássaro pousado no galho da literatura.
Manifesto
meu anseio pelas belas artes.
Canto
o meu trinado do acasalamento, deitado por meio de letras
Pontos
e vírgulas.
Uivo
feito louco, nu em meio à avenida
Nas
manifestações alucinatórias de meus neurônios sedentários.
Faço-me
árvore, ao invés de ser chão. Pedra eu fui.
Sangrei,
em meus sulcos, o magma da rocha.
Fui
mudo, cartilha surda, lecionei o canto rouco
Para
uma banda de ninguém.
Fiz-me
parte desta natureza imensa.
Fui
um grão de areia inflamado numa ostra, pérola.
Já
fui metal precioso carregado por bandidos maníacos.
Hoje
Sou
um cantor de ilusões, histérico.
E
quem não ficaria assim, sendo muitas coisas contraditórias num mundo comum?
Terminarei
na vala, na lama
Como
um bom molusco verde e gosmento num labirinto de sal sem saída.
2.
O
canto perdura
Afunda
o sulco, encrava a rocha
Dilacera
Mamutes
transeuntes em meus miolos, cachos de cabelo, viços da relva.
E se
eu disser “Tudo bem”? Nada voltará a ser um canarinho
E o
peixe pulará fora do aquário.
Nadarei
na correnteza desse vento encanado no meu corredor.
O
ofuscante brilho de meu sistema cardiovascular num exame de imagem
Em
alta resolução.
Mas
o canto perdura. É o cardeal com sua cabeça vermelha que floreia
Um
trinado. O gorjeio sentimental de um ser preso numa gaiola.
3.
Semeio
as letras no papel, como a gralha e suas sementes.
Deixo-as
brotarem, e, quando bem formadas, colho-as.
Não
como as pinhas da araucária, que caem.
Construo
minha fortaleza de capim, chão batido, paredes de pedra...
Sou
feito um pássaro livre, voando no céu límpido, tênue sensação de liberdade.
Incontido
o meu grito de alforria. Gaiolas
Aquários,
coleiras e correntes: NUNCA MAIS.
Manifesto
minha alegria de anistia dos favores.
Exilei-me
e trilhei o caminho percorrido pelas lesmas.
Agudas
sílabas poéticas de meus pensamentos insólitos.
A
biodiversidade.
A
natureza faz parte de mim e de minha poesia.
Sou
feito hortelã, anis, erva cidreira
Para
ser bebido quente no chá da tarde.
(09/09/2013
– Santa Maria)
Poeta!
ResponderExcluirPerfeito!
Composição em partes num crescente.
Mostra interlocução da vida, da natureza e do poema.
Representa a interação homem e a natureza no desfio de conviver em sintonia.
Nosso eu interior com nosso eu que expomos.
P E R F E I T O !
Parabéns!
Admirador