segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ESQUIZOFRENIA

É o corte. O corte que foi fundo até a alma dos meus ossos.
Desses cortes que são feitas a vida e a morte.
Dessa maneira, amando, vi-me destruído
Não era eu, pai da sanidade, que me vi alienado
E a ideia de criar um ambiente para repouso
Desse tipo, sei bem, não preciso mais.

Quando vi os donos das vozes dos meus ouvidos
Quando percebi que o mal que eu cometia era
O mal que eu padecia. E que toda a agressão física e moral
Que nela eu praticava, percebi-me, que por amor, louco estava.

Mas de qual loucura estou falando
Se me demoro cinco horas para cada verso?
As palavras desconexas, alguém, dentro de mim, ditando
Eu sabia, realmente, mas não queria acreditar.

Eles me vigiavam, eles conversavam comigo, eles me ofendiam
Machucavam-me, obrigavam-me a fazer coisas improprias, crimes.

E, na carta, ela me dizia que estava presa e sem ação.
Loucura maior... A herança e a patologia são elas ejaculações
Sanguinolentas, viscosas e impuras, da glândula putrefata
Que, de nós, expele o mais verdadeiro sentimento: o ódio.

Fui morrendo. Eles não me abandonavam
Via-os todos os dias, todas as horas, todos os minutos.
Não adiantava trancar as portas e as janelas, eles estavam
Dentro dos meus ouvidos, e com a alma implantada na minha retina.

Fui morrendo aos poucos. E por final, não só eu
Mas meu eu lírico, ele foi lobotomizado.

E não sou eu que escrevo esse poema
É minha alma.


(30/08/2013 – Ijuí)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Me deixou perplexo e sem palavras.
    Superação do lirico e sucesso no real.
    P A R A B É N S ! ! ! ! ! !
    Admirador

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