segunda-feira, 30 de setembro de 2013

VEREDA

O que tens de mim, eu, caminhante das veredas
Estreitas e enlameadas, distintas por sua imensa
Forma de se dizer vereda da loucura, ou, no mais
Vereda do ululante ladrar das cadelas em minha volta.

Mas não era eu. Nem tu, que me tinhas a mim
Assim, neutralizado por seus polos elétricos
Glorificado pela gritante forma, e alguns parafusos
Desatarraxados. E não éramos nós que nos tínhamos
Era uma extrema viração, e nessa busca incessante
Pelo material primeiro, da primeira molécula
Que pudemos sentir o leve toque celestial de um anjo
Alado e alvo, que nem pudemos ver tão nitidamente
A tez de sua pele por sua intensa claridade, o cintilante
Bater de suas asas. Mas o que me deu a verdade
Foi o sopro do sussurro da voz de Deus em meus ouvidos
Surdos, dizendo-me coisas que minha voz cala ao repeti-las.

E no momento exato da viração à raiz de se ter um anjo
De estimação, vi-me numa camisa apertada, com os braços
Atados.  Agora! O Agora me faz estrela, e a rutilante
Tez do invólucro do meu espírito sadio e sedento
Faz-se necessária quando o mundo todo se monta
Nessa vereda enlameada e úmida. A vereda primeira

A vereda de se fazer e moldar-se dentro da Vida.


(30/09/2013 – Santa Maria)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Incrível a forma com que descreves como nos constituímos:
    "...Agora! O Agora me faz estrela, e a rutilante
    Tez do invólucro do meu espírito sadio e sedento
    Faz-se necessária quando o mundo todo se monta..."
    Segue este caminho de se fazer sentir,de sentir a poesia e de despertar a poesia em mim.

    Parabéns

    Admirador

    ResponderExcluir