Sonhei,
sim, entrego-me a ti dizendo que sonhei.
Sonhei
à noite, em perfeição líquida numa xícara
De chá
de hortelã, com seu aroma silvestre. Pastoreei ovelhas;
Ordenhei
as vacas; organizei o curral. E no campo
Perdido
na vastidão daquela manhã: lembrei
Que na
noite passada em alguns instantes sonhei.
Sonhei
que chama Marília, assim como Dirceu
Cantava
antigamente. Minha Marília pastora
Bela,
com curvas suaves, cabelos loiros ao vento.
Marília
minha estrela. Marília minha canção.
Cantei
Marília, num sonho, sendo que Marília
A minha,
não era a Marília, era outra pastora.
Sonhei,
sim, entrego-me a ti dizendo que sonhei.
Sonhei
e acordei. Refleti e percebi. Naufraguei.
Cantava
o sonho que viria. Cantava a canção que eu escrevia.
Furtava
os beijos que não merecia. Afagava os cabelos
Leves
e doirados de Marília, que não era a de Dirceu, e sim a minha.
A
minha Marília que, no sonho, em meio à grama fria
Pastoreava
o meu rebanho. E nela meu coração perdido via
Que doce
era a vida a ser tomada em goles de chá
Para
depois compor as minhas palavras nesse papel, uma amostra
De que
a vida, sim, a minha, é um sonho dentro da terra. Eu me continha.
(05/06/2013
– Santa Maria)