quinta-feira, 6 de junho de 2013

MARÍLIA

Sonhei, sim, entrego-me a ti dizendo que sonhei.
Sonhei à noite, em perfeição líquida numa xícara
De chá de hortelã, com seu aroma silvestre. Pastoreei ovelhas;
Ordenhei as vacas; organizei o curral. E no campo
Perdido na vastidão daquela manhã: lembrei
Que na noite passada em alguns instantes sonhei.

Sonhei que chama Marília, assim como Dirceu
Cantava antigamente. Minha Marília pastora
Bela, com curvas suaves, cabelos loiros ao vento.
Marília minha estrela. Marília minha canção.
Cantei Marília, num sonho, sendo que Marília
A minha, não era a Marília, era outra pastora.

Sonhei, sim, entrego-me a ti dizendo que sonhei.
Sonhei e acordei. Refleti e percebi. Naufraguei.

Cantava o sonho que viria. Cantava a canção que eu escrevia.
Furtava os beijos que não merecia. Afagava os cabelos
Leves e doirados de Marília, que não era a de Dirceu, e sim a minha.
A minha Marília que, no sonho, em meio à grama fria
Pastoreava o meu rebanho. E nela meu coração perdido via
Que doce era a vida a ser tomada em goles de chá
Para depois compor as minhas palavras nesse papel, uma amostra
De que a vida, sim, a minha, é um sonho dentro da terra. Eu me continha.


(05/06/2013 – Santa Maria)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Recorrendo a personagens belos de históras lendárias.
    Minha humilde interpretação.
    Gostei MUITO.
    Continue desenvolvendo esta arte com a palavras em versos.
    Sucesso!
    Admirador

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