quarta-feira, 12 de junho de 2013

CONFISSÃO

Confesso a ti, ó Lua longínqua, o meu sentimento
De repudio aos olhos vis e impuros de quem eu amei.

Confesso a ti, ó Lua plena, o meu anseio
Que, o podre, o excedente de meu tubo digestivo
Regurgito tudo por cima das fotos de quem eu amei.

Confesso, também, a melodia melosa das harpas
Tocadas por dedos tão mesquinhos, que do manuseio
Já tão calosos, vejo, ó Lua, que o amor é um sentimento
Tão perverso e irreal, que nos oprime, castiga e urina no final.

Deixo aqui exposto esse ato de revolta automática
Pois sei, também, que meu corpo será do solo
Onde vermes famintos o roerão e a podridão toda
Do amor, que em mim habitava, sucumbirá, então:
Sofrer é um ato humano. Ser feliz não.


(12/06/2013 – Santa Maria)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Admiravel a forma criativa com que fez num crescente exposição de ideias e sentimentos conflitantes.
    Parabéns! Parabéns!Parabéns!
    Admirador

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