quinta-feira, 15 de agosto de 2013

MERGULHADOR

As chamas do destino, o improvisado
Som descompassado de minha alma
Cadente, que some e reaparece em meu corpo
Desconstruído, minúsculo e sem forma.
A voz de minhas palavras que molham o papel.
A voz de minhas palavras que mancham de tinta
A cor do branco. Pedaços de um caderno
Rasurado e manchado de tinta vermelha
Sangue de poeta. Sangue de quem luta
Bravamente por uma causa sem solução.
A alma de quem não precisa de explicação.
Eu vi o meu eu caído e destruído pedindo
Ajuda sem ter nem a mim, para que no escuro
Do momento lhe estendesse a mão.
Eu vi a minha poesia sendo reduzida
A cinza, as folhas finas e caras sendo destruídas
Pelas chamas do presente, e o invólucro
De plástico sendo derretido e manipulado
Por uma ideia de quem nunca nutriu
A maior paixão de sua vida, para ser
Um manipulador do fogo amargo
Despudorado, queimando a alma
O espírito e o corpo para esquecer
Quem amou, e a paixão de nunca mais amar.
Embora seja o sonho um objeto de decoração
Saltarei dos abismos do cérebro, ao fio
D’água que me levará ao vale dos pensamentos
Onde nunca, nunca ei de recompor os erros
E, sim, buscarei nova inspiração
Para minha obra prima. Uma poesia blindada...
A prova de fogo... Úmida... Tingida... Viva...
Em que eu possa mergulhar novamente à realidade
E me entregar às causas perdidas
Flutuando o mar da insanidade. Bebendo
E comendo dos suspiros de minha mulher
Deitada na cama. Sem pressa de se dizer.
Sem pressa de se refazer poeta. Sem pressa
De se formar em um corpo que ainda não possui forma.


(15/08/2013 – Ijuí)

Um comentário:

  1. Poeta!
    Admirável a forma como expressas os sentimentos, lutas batalhas silenciosas da nossa alma.
    Se dúvida alguma uma batalha vencida a cada novo sentimentos a que estamos expostos...
    A vida
    O amor
    A saudade
    Parabéns
    Admirador

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