Eu
vi
o
osso exposto da fratura desse mundo corrupto e miserável, em que ninguém se alinha
a nada, e o nada do mundo é o dever de cada um para com essa sociedade medíocre
repleta da corrupção, onde uma pessoa rica fica mais e mais, e o pobre coitado,
que mora nas ruas frias e sujas desse mundo,
mendiga farelos como um rato vil no canto de um bueiro sujo e úmido, sem voz e
nem ao menos fisionomia de um ser natural.
Eu
vi
as
cores da discórdia pintadas em meus murais, e os
umbrais das portas tingidos de preto, onde o luto fechado de cada rosto
conhecido não era a menor quantia da
dor contida em todos os sentimentos do corpo das pessoas que eu desconheço ou o nome ou a fisionomia. Mas a luta continua
árdua, e fiel caminharei minha estrada torta, aos goles de vinho, para que, na esperança, eu me faça mais autentico
ao meu texto e a minha função de compartilhar com o mundo a minha angústia, que é reflexo do grito longo e ardido da garganta
dos pobres e humildes, ao encontro da fartura e da ignorância do mais afortunado.
Eu
vi
a
luta social dos séculos passados refletidas em meus olhos fatigados e quase
cegos da catarata, onde meu anseio por dignidade, justiça e igualdade foi lançado
à sarjeta e pisado e difamado e corrompido.
Eu
vi
nos
teus olhos a minha sina passada de um dia melhor, de um dia que possa me fazer
descansar o peso de que carrego
em meus ombros, o peso da infâmia, o peso da desigualdade, o peso de que muitos deveriam ter noção da existência,
mas que muitos só pensam em futilidades
e esquecem-se da sua dita função maior nesse mundo enorme.
Eu
vi,
mas
agora, velho e inválido, restrito a uma antiga e enferrujada cadeira de rodas,
a única coisa que me resta se não o sonho de um dia a juventude acordar desse
sono imenso, a minha função de ancião é orientar, até onde minhas cordas vocais
estiverem em funcionamento e engraxadas, nunca, em minha mente perturbada de velho,
estarei invalido para com o amanhã que não tardará a chegar.
(02/08/2013
– Santa Maria)
Poeta!
ResponderExcluirOs caminhos da vida nos trazem a consciência do que estamos cercados...
Da forma como que relatas...
Na forma poética fica até mais bonito o que as vezes é terrível...
VERDADE!
Parabéns.... tem se superado!
Admirador