segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FELIZ ANO NOVO


Ai, tinha medo de dizer, de sentir
De refletir o que virá.
Ai, dói a dor do amanhã
A dor do que virá e do que
Deixei para trás. E do que deixarei...
Deixarei muitas coisas. Mas tamanha
É a minha felicidade de sentir
De refletir momento
Gritar alturas, nadar risos
Usufruir lagos da manhã
Sentir desejo e ao mesmo tempo
Me sentir desejado, ao pé da cama
No tapete serei lembrado.
Serei lembrado por meu modo de amar
Serei lembrado por meu modo de rir
De chorar. Serei lembrado e lembrarei
Dos momentos que deixei para trás
Nos momentos máximos dos risos
Na alvura dos dentes e de seu sorriso.
Serei lembrado pelo que fiz
Mas por momentos gostaria de não lembrar
De nunca mais viver de dor e sofrimento
Pois afinal ninguém vive de passados
Vivemos no presente: esperando algo
O melhor “do” e para “o” nosso futuro.

(30/12/2012)

APROXIMAÇÃO DOS AMANTES


Vejo surgir em meu peito uma alta chama
Que me consome de amor, ausência.
Perto da saudade, em contentamento
Na presença ao brigarmos a nos obrigarmos
A nos desfazermos. Sempre e quando
Numa louca e alucinada aproximação
Desfizemos de leve o toque de mãos
E novamente nos pomos a ouvir o som
Das nuvens na noite. Dos grilos nas janelas.
O som irritante dos mosquitos. Somos nós
Que numa noite nos fizemos um apenas
E com louvor erguemos nossa voz, a sós
Onde não existam outros, apenas nós.

(30/12/2012 – Ijuí)

domingo, 30 de dezembro de 2012

UM SOPRO


Ora, não me convém o espanto:
Quando morto serei adubo
Muito mais do que fui quando vivo.

(30/12/2012 – Ijuí)

sábado, 29 de dezembro de 2012

EU OLHO, NÓS OLHAMOS, EU OLHO


Aproximo-me. Nada diz o que a visão mostra
Vejo tudo o que o meu coração não mostrou
Não disse. Sentimentos que vêm e vão
Um dia somem e noutro sobem à pele.
Saibamos controlar o nosso ego. Despir-nos
Do egoísmo, aprendamos a olhar o outro
Com olhos que não pequem na realidade.
Aproximo-me. E nada vejo, assim, que me agrade
Que por sinal algum me complete ou me satisfaça.
O amor, um sentimento de cama
Não passa disso, amizade é outra coisa
E não temos coragem de assumir o amor
Como coisa séria. E sempre acabamos por
Recusar o amor e junto, uma total permanência.

(29/12/2012 – Ijuí)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A PODRIDÃO QUE NOS CERCA


Por que vês se olhos não possui?
Se para a poesia não emprega tempo?
Se para a arte de expressar não tens orgulho?
Diga-me. Encha a boca para os textos sem inspiração
Para os textos de um mundo caduco e sem valor
Mesmo quando os corpos perdem a vida
Perdem todo o teor: a poesia fica.
Com o tempo se edifica e acalma a alma
Do outro a aprender. A crer que hoje o dia foi difícil
Mas o amanhã poderá ser pior.
Vem, diga-me. Encha a boca para a reclamação
Para bem dizer os textos sem sentimentos
Esses textos que hoje podem ser lidos
Mas que nunca, nunca na vida vão ser levados
E lidos dez anos depois. Textos esses que nunca
Nunca na vida serão lembrados e nem ao menos sentidos.

(28/12/2012 – Ijuí)

CANÇÃO DO PERDIDO

Canto porque o amor está em mim.
Canto porque a vida quis assim.
Sem tirar nem por o amor
Vem e me faz bem. Eu sei de cor.

A canção que me banha
E me maltrata. E me beija doce...
A canção que é às vezes enfadonha
E que me toma o solo úmido
A roupa mortuária. E me beija doce...
A canção que outro dia era linda
Perdidamente bela. Extremamente
Rígida rimada, toda metrificada
Ela que era a minha preferida
E hoje mesmo é odiada.

Canto porque o dia fez assim
Canto porque o sopro vem de mim
Canto porque sou alegre e já fui triste
Canto porque o sol ilumina toda a Terra; e existe
Outra Terra dentro de nós.

(28/12/2012 – Ijuí)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O FUTURO PRÓXIMO


Não pretendo ser um homem de várias mulheres.
Não pretendo ter amantes. Não pretendo nada disso
Já me basta ter uma esposa, uns dois filhos
O futuro, assim, cai-me bem...

Não pretendo ser um pequeno poeta
Se me couber o título, saio com lucro.
Não pretendo ser famoso e rico
Minha profissão terá altos e baixos
Basta, para mim, o de viver... Assim viverei bem.

Não pretendo ter ganância, não pretendo ter
Sede de poder. Não pretendo ter vontades absurdas
Na cama me envolver... Ficar parado perdido
Sem me saber: um dia nuvem, outro temporal.

Não pretendo ter muito. O pouco que tiver já estará
No meu contento. Não pretendo ser muito bonito
Nem muito feio. Vou ser o que realmente devo ser
Um sopro do vento. A maré. Serei o que Deus quiser
E o que estiver ao meu alcance!

(27/12/2012 – Ijuí)

TU ÉS O MEU PENSAMENTO

Eu amo meu pensamento, pois ele está
direcionado sempre a você,
e a minha vida se resume a te amar.

E te amando e te desejando e te precisando:
vou vivendo minha sina que é rodear
por todos os lados do mundo.
Meu pensamento sempre em ti (procurando).

Eu carrego dores no peito.
Revejo conceitos da poesia.
Mostro aos pequenos todos os dias
a vida levada para o lado da paixão
uma vida a ser dita: vazia,
mesmo que eu lute por amor.
O meu amor é e sempre será teu, minha vida.

Eu amo meu pensamento,
pois você o é.
Eu amo amar você,
pois o amor se torna a sua pessoa,
beleza eterna, uma sede infinita.

Depois de um tempo, saber que agora
a distância aumentará a minha derrota.

E dói saber que a minha boca
nunca poderá tocar a boca tua.

(18/12/2012 - Ijuí)

VIVA O AMOR


Viver de um modo politicamente correto.
Ser dito um bom samaritano.
Às vezes comparado a Jesus Cristo.
– Ora, que maravilha, a sua ironia me satisfaz
Não é pecado, penso eu, seguir rumo
Os passos, de um grande homem
Viver a vida, sentindo e apreciando a paisagem
Pois afinal passamos uma única vez por esse lugar.
E que lugar... Um lar passageiro... Mecânico.
Somos todos movidos por sentimentos
Que talvez não digam respeito somente
Ao amor... O ódio deveria ser excluído e também
O rancor... Vamos viver, acordar para a realidade
De que tudo não é apenas dinheiro; o amor é tudo
Concordo que não enche a barriga de ninguém
Mas a alegria, a vontade de desejar outra pessoa:
Amigo, familiar, o próprio amor
Pode movimentar o âmago humano, desfazendo e construindo.
Posso dizer que não sou apenas humano
Sou um amante, loucamente apaixonado
Pelas pessoas e também pela beleza que temos no mundo
Apesar da miséria, sujeira dentro do sistema político
Somos falhos, e o único valor que não nos falha
É o fator que nos une, que nos projeta, que nos move –
O amor, além de tudo.
Mesmo que nos cubra o ódio e o rancor por sobre a cabeça
Mesmo que nos preencha o vazio do peito com dor
Aperto e sofrimento
Que todos nós aprendamos a amar, e desaprendamos
O ato que desfaz o amor – o ato de desamar
Pois amar se aprenda uma vez... E nunca mais
Na vida vamos desaprender: - Viva o AMOR...

(27/12/2012 – Ijuí)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

PLANTANDO O DESEJO


Replantei... Replantei a flor
Que me secou no peito.
Toda a dor, a dor da perda
A dor da luta, a dor que move
Essa secou e se morreu.
Não busco mais a dor
Nem mesmo num amor
Sufoco a minha alegria.
Busco a carne, quente
Ou fria... Na lonjura do
Meu quarto... Aberto.
Desejo... Ai, como o desejo
Me movimenta, como ele
Me conforta. E um dia
(Eu sei) não me
Confortará. Basta amar
E nunca na vida desamar.

(25/12/2012 – Ijuí)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

PRESENTES DE NATAL


Perdemos contatos.
Sofremos ausências.
Aprendemos sozinhos.
Lutando sempre.

Perdemos contatos.
Batalhas sem par
E de geração a geração
O ciclo se manifestará.
Sentir o amor, perder pra dor:
Sofrer, sofrer, sofrer.

Perdemos contatos.
Achados os telefones
Para a divisão dos bens
E ninguém estará bem
Realmente a perda é
Muito grande. A emoção
De ganhar e perder uma vida...
Vamos além.

(24/12/2012 – Ijuí)

SAUDADE


Não, não se mede dor com distancias
e nem ao menos distancias são medidas com a dor.
Estou presente na saudade,
na precisão,
na discórdia do dia quando se vai.
Estou perdido no semáforo.
Sou daltônico exagerado, não enxergo
o meu ser a ser medido.
Não enxergo, quando mais preciso enxergar.
E essa dor que agoniza,
que me prende no asfalto,
essa dor que me corrói o peito
está presente na saudade
assim como eu estou.
E sinto falta de ti
e somente em ti me derramo e me acabo;
firme na decisão, enfim percebo
que hei de morrer de amor
assim com o tempo,
mergulhado na dor e no sofrimento.
Hei de morrer de amor
assim sufocado,
perdido nas ruas do sol e de cada estrela,
pois o mundo é tão pequeno perto
da minha saudade
e nem posso, agora, dizer teu nome,
pois com os dias passando, consome-se
com outro homem, em outra cama,
em outro universo.
Hei de morrer amando.
Não exagero, eu sou o exagero.
Eu sou muitos defeitos, muitos adjetivos:
presentes, quem sabe, na minha saudade,
na minha vontade de te beijar,
na minha vontade desesperada de te amar
em um amor único e vivo e só;
cantando a canção alegre, com um esperar nulo –
nunca ausente.
Eu sou...
Eu sou o prometido sofredor,
a pessoa que na ausência tua se desfaz
e que na amplitude do espaço,
na amplitude de nossa cama,
um dia, possa ser o único
o precioso que te devora
e que numa mágica te refaz.

(24/12/2012 – Ijuí)

domingo, 23 de dezembro de 2012

REALIDADE PARALELA


A imaginação fértil de um poeta
constrói uma realidade paralela
onde se vê o que se deseja
e deseja conseqüentemente o que se vê.

Como vê-la com ou sem óculos?
Beleza infinita contida numa só pessoa
manifesta o sentimento de um poeta
pela maneira de como se olha
e de como se pensa e repensa o desejo.

Vem como num flash mostrando-se
toda verdade
focando uma ilusão:
como se ela fosse a própria noção da verdade.
E perde-se por entre pensamentos
construídos pelo poeta,
que analisa tudo
e, quer simplesmente tê-la.

(05/04/2012 – Ijuí)

sábado, 22 de dezembro de 2012

OLHANDO, SIMPLESMENTE


O teu olhar me devora.
Sim, ele é bem quente e úmido.
Ele me rasga a carne, dilacera a alma,
ele é feito ferro, aço, metal duro.
O teu olhar me devora,
assim como o meu te despe
e na altura da noite nos abusamos.
O teu corpo me completa.
O meu corpo junto ao teu, forma um mundo
carregado de canções e poesia;
nele habitamos por milênios
numa noite apenas, na noite fria.
O teu olhar me devora.
Sim, ele é bem quente e úmido.
O teu olhar me despe, abusa
da minha fragilidade de humano
numa completa orgia animal.
O teu olhar me devora;
o teu olhar me banha de saudade;
o teu olhar me seduz, ele me satisfaz;
o teu olhar é muito feminino;
o teu olhar ultrapassa os limites
da visão. Ele me vê por entre as roupas
tanto no inverno quanto no verão.
Somos loucos apaixonados
e fizemos loucuras com olhares.
Ah, como é bom olhar
e no mesmo instante ser olhado.
O teu olhar me devora
e me toma a alma,
corrompe meus sentidos.
Ah, o teu olhar me devora.
E nunca na vida foi tão bom
ser louco, adolescente e apaixonado.

(22/12/2012 – Ijuí)

A VINICIUS DE MORAES


Vou ler Vinicius.
Sonhar lagos,
viver amores que nunca tive,
precisar de alguém que nem me precisa
cansado de tentá-la em outros dias.
Vou ler e viver a poesia.
Cansado de chamar teu nome
nessa intensa maresia
o cativeiro me consome.
Preciso mesmo é de anestesia.
Vou ler Vinicius,
esse me entende.
Vou ler e talvez me perca –
não seria uma saída.
A minha carne te precisa, moça bela
assim como o meu ser
torna-se alto e majestoso
com o teu nome grandioso
dando-me o Adeus.
Vou ler Vinicius:
esse sim me entendeu...

(22/12/2012 – Ijuí)

MEUS BRAÇOS


Meus braços, num abraço, cobririam o mundo.
Ai, se meu coração fosse assim
se nele coubessem outras pessoas
se nele coubesse ao menos uma pessoa.

Meus braços, num abraço, cobririam teu corpo.
E num amor louco e desatinado
transformaríamo-nos em bichos
em coisas ainda não imaginadas.
Todo o instinto de animal migrando à carne.
Sofremos por sermos racionais.
A carne é boa, boa ao toque
boa a redenção.

Meus braços, num abraço, cobririam teu coração.
Ai de mim se não cobrissem!

(21/12/2012 – Ijuí)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

DÓI A DOR DO AMOR


Eu sei que dói a dor do amor.
Dói a minha e a tua dor.
Como dói. Eu sei
que de noite o vento vem
e me traz o sono, e me tira o sono.
E me caio aos pés...
Aos teus.
Aos teus pés eu me derramo,
deito, suplico e lamento
a dor de não estarmos juntos;
a dor de amar e por final
ser rejeitado.
Mas nada se iguala ao teu corpo,
ao teu modo,
ao teu sorriso;
Sou teu
e sofro mais do que preciso...

(21/12/2012 – Ijuí)

AS VOZES


Cansas de me ver passar
com o rabo do olho.
O instinto em flor de um animal
não se torna belo
o arquivo de que te fala,
o som materno, ou o som celestial.

Não me culpes pelos erros afins
de que um dia cometi,
mais belo que o céu limpo
(estrelas mil)
se torna o corpo de quem ama
ou de quem um dia provou
o doce sabor do amor.

Cansas de me ver passar
límpido e tranqüilo,
com medo (pai de quem vive)
e busca uma faca fria
refletida das estrelas que iluminam
o céu brusco.
Vai chover.

E cantas a cantiga do sopro.
E as conchas do mar se esgotaram
e não vivem mais os crustáceos.
Os anfíbios saltitantes: sapos,
não são mais gelados que a alma
de quem recusa o amor em flor.

Ressoam as vozes que um dia viveram
e agora, não somente, se esgotam.
Retumba a tua angústia de um novo amor
solene. Voz que chama
e que me maltrata.

(31/01/2012 – Ijuí)


O NASCER DA PLANTA


Caíram-me ao solo fértil mil e uma lágrimas:
mal choradas, mal de tudo.
Que escândalo depravado, pornográfico,
em que as lágrimas penetravam, e infiltravam,
e ao solo com semente germinava.
Enfim nascia uma planta, bela,
singela de sua vertente...
Pornográfica e salpicada...
Via-se no fundo o fruto:
do mal da Terra, a Gente.

(17/02/2012 – Porto Alegre)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

SONETO DO ETERNO AMOR


Com todo amor, serei o mesmo.  Amando a saudade,
Desconstruindo o desejo, suportando então,
A distância incalculável, e a solidão
Do meu ser, querendo-te, de tudo, em verdade.

Quero-te inteira. Na mais completa vontade.
Ser ou não, minha e única, assim: minha paixão.
Vou superando medos, perdendo a razão
E ao longo da vida, entrega-me a realidade.

Toma-me se puderes. Ama-me se quiseres.
Espero-te o quanto for, na luta sonhando.
Pondo o meu amor na batalha com seus poderes,

Na luta sangrenta da conquista, vencendo
Todo o meu orgulho, diante de todos os seres.
Retribuindo ou não – sim, continuarei te amando.

(28/10/2012 – Ijuí)