sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

AS VOZES


Cansas de me ver passar
com o rabo do olho.
O instinto em flor de um animal
não se torna belo
o arquivo de que te fala,
o som materno, ou o som celestial.

Não me culpes pelos erros afins
de que um dia cometi,
mais belo que o céu limpo
(estrelas mil)
se torna o corpo de quem ama
ou de quem um dia provou
o doce sabor do amor.

Cansas de me ver passar
límpido e tranqüilo,
com medo (pai de quem vive)
e busca uma faca fria
refletida das estrelas que iluminam
o céu brusco.
Vai chover.

E cantas a cantiga do sopro.
E as conchas do mar se esgotaram
e não vivem mais os crustáceos.
Os anfíbios saltitantes: sapos,
não são mais gelados que a alma
de quem recusa o amor em flor.

Ressoam as vozes que um dia viveram
e agora, não somente, se esgotam.
Retumba a tua angústia de um novo amor
solene. Voz que chama
e que me maltrata.

(31/01/2012 – Ijuí)


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