quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

POEMA À AMADA DO POETA


Minha mão é privada de sua pele:
calma, serena, alva...
Mão que de longe maltrata
por não estar perto o bastante
do meu rosto que chora
triste incontido de vontade.

E o som retumbante da sua voz
que domina os ouvidos do homem-amor
e toda a palavra dita longe
sacode e arranha o coração
de quem muito ama e não poderia ter esse amor distante.

Todos os dias: sinto e vejo,
uma vontade privada,
um vão desejo
de molhar minha boca em seus lábios
que me foram destinados para algum dia
em que eu morra de amor por minha vez,
mas que sejamos felizes por uma só noite.

Apenas

seremos um corpo só,
finalmente.
Seremos um corpo só,
alegremente.
Não bastaria cabelos para serem arrancados
com amor e suor.
Seremos um corpo: de homem e mulher.

Nos cabelos vermelho-sangue
nado nesse líquido, como nado
naturalmente na água limpa,
mas me afogo nesse sangue
(líquido danado)
e seremos um corpo só:
nesse som azul do meu braço dormente.

Finalmente

serei seu por completo,
amada.
Cabelos me encantam,
mas sua face
não encanta:
– “Arrebata...”

(02/04/2012 – Ijuí)

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