terça-feira, 18 de dezembro de 2012

POEMA VIVO


Veja
sinta      
diga-me o que se viu no cair da noite
onde todo o sofrimento se foi por entre árvores.
Nada de sentimento,
só a poesia que ensina a arte de estar vivo:
morto
curto
frio.
Ar pesado de sala de jantar onde ninguém conversa
come
só come
se alimentam de folhas verdes, mato, capim,
cavalo
animal morto e incrédulo onde vivem bactérias
fungos.

Todo o calor do corpo se esvai
quando a pessoa morre
e vive de novo, que mistério.
Foi cumprida uma lei
(nem sei qual é,)
mas sei que a lei foi cumprida
e todo o gozo de uma vida
sopra o vento da angústia.
Não leia o poema:
sinta-o, veja-o, lamba-o.
A carne dura de um boi velho
é o poema,
difícil de ser engolido.

Quero ver a paisagem natural pelo vidro do carro
e perceber que os animais estão ali escondidos
não os conheço
vagalumes.
Quem me dera um dia ter visto vagalumes,
esses que tem a lâmpada
que pisca
vagalumes,
esses que não existem mais
e se existem, nunca os vi:
somente em gravuras de livros infantis.

Sinta
o escuro céu
que vai desaguar,
vai chover,
vai molhar,
vai encher minha vida d’água
meus olhos choram e derramam
uma coisa que não sei o nome
- Lágrimas?
Algo que é úmido e líquido,
algo que cai sem se sentir
e saber o porquê.

Aboli os sentimentos,
mesmo assim elas não secam
em meu colarinho
lágrimas,
saiam de mim
e sequem.
Chega de chorar
por algo que não aconteceu ainda.

(26/03/2012 – Ijuí)

Um comentário:

  1. You are too much! Por aqui ainda tem vagalumes, viu?! e por aí também, mas tem que ir pro mato (fazenda) onde não há luz à noite! Mas você tem razão, são poucos os que têm o privilégio de "catar vagalumes" como nos livros intantís!
    E também concordo que esse mundo seco sem intercâmbio "carinhal" nos embrutece ao ponto de não aceitarmos nossas próprias emoções!
    Menino, você é 10! God bless you!

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