quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

EXISTE O TAL AMOR?


Quando me vem o sopro da memória,
de coisas concretas que um dia foram;

e o vento subjetivo trazendo coisas objetivas:
contenta-me senti-lo inflamando a brasa tardia.

Coisas que um dia foram: a nossa casa, o sobrado,
a casa da praia, um apartamento em Porto Alegre,

todo o calçamento da rua,
os sentidos e sentimentos que um dia vieram

e que agora se foram.
Não basta...

A cor dos teus olhos, a cor dos teus cabelos,
o formato do teu corpo, o semblante do teu rosto

que um dia toquei de leve com a mão marcada da maquina
de escrever que um dia tive.

Mãos de poeta, de escritor que repensa o mundo;
mãos carentes de pele sedosa em que toque de leve os dedos;

mãos de escritor; mãos de poeta;
as mãos do poema; as mãos da poesia.

Tudo num dia que se foi;
tudo num dia que eu lhe toquei;

tudo num dia, que de leve,
eu posso dizer que te amei.

(04/03/2012 – Ijuí)

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